sexta-feira, 4 de abril de 2008

Genial traço galhofeiro

Na volta da revista Mad, da qual sou leitor desde os anos 80, relançada agora do número 1 pela Panini, o melhor reencontro que tive não foi com a famosa Dobradinha. As boas sátiras dos filmes também ocupam duas edições da publicação, uma com Harry Podre, e outra brasuca com Meu nome não é Enjoony, que dispensam explicações. Mas não foram meu maior prazer. Os inimigos Spy vs. Spy, criação genial do falecido cubano Antonio Prohias, têm vaga cativa na nova edição, mas tiveram que ficar em um posto menor na minha nostalgia.

Prazer mesmo foi reencontrar as fantásticas tiras do espanhol Sérgio Aragonés, de 71 anos.

Ele é colaborador da Mad desde 1963, ou seja, há 45 anos ilustra a revista que faz a alegria de adolescentes de várias gerações. É ele quem faz aqueles desenhos mínimos, famosas piadinhas mudas que aparecem despretensiosamente nas margens da publicação.

No Brasil, além da Mad, chegou a ter uma revista de publicação regular, com um personagem cativante e inspirado em um famoso bardo. Groo, o Errante era uma clara alusão a Conan, o Bárbaro. O engraçado e tolo personagem é escrito em parceria com Mark Evanier.

Ano passado, Aragonés deu uma entrevista por telefone à Folha de S. Paulo, da qual registro um trecho:

"Eu levo vantagem sobre os desenhistas que criam histórias sérias porque, como meus cartuns são de humor, as pessoas não notam quando eu erro algum personagem, faço um nariz maior ou um cabelo errado. A velocidade em si dá uma liberdade no traço com a qual é muito confortável trabalhar. Mas eu ainda levo 20 minutos para fazer uma página [ri]. É mentira, eu levo algumas horas. Esse mito começou porque eu desenho rapidamente quando estou em frente a platéias, para que elas não fiquem entediadas, e isso as espanta."

Outras criações inesquecíveis para os devoradores de quadrinhos foam as sátiras feitas para os clássicos heróis da Marvel e da DC Comics: Sérgio Aragonés massacra a Marvel e Sérgio Aragonés destrói a DC. Por aqueles motivos que não dá para perdoar, perdi esses dois exemplares em alguma das sete mudanças que fiz aqui no Rio.

Mas ainda me lembro de uma aparição do Quarteto Fantástico do Aragonés em um quadrinho, durante uma batalha, cada um com seus respectivos poderes. A piadinha era Sue Storm explicando para alguém o motivo de estar metade invisível: "É para dar a impressão de que estou sendo útil".

Entrevista de Sérgio Aragonés à Folha

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