quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cinema, pipoca e rock

Post extraordinário

Segunda, dia chuvoso de folga e de conferir no cinema as duas atrações ligadas ao rock na telona. Não sou fã nem dos Rolling Stones, nem do Bob Dylan. Mesmo assim, reconheço o valor musical de ambos e sou até capaz de cantarolar algumas músicas. Mas, vamos ao cinema.

>> Rolling Stones - Shine a Light - Poucas vezes um show foi tão bem filmado. Porém, o trailler dá a impressão de que é um filme-documentário, mas quem embarcar nessa pode quebrar a cara. É um show filmado no padrão Martin Scorsese de qualidade, com alguma imagens de arquivo de entrevistas dos integrantes da banda, dando uma prova real do tema "o que você faria daqui a vinte anos".

A performance dos velhinhos é comovente. O som é bom, e dá para escutar e diferenciar as guitarras de Keith Richards (que canta duas músicas) e Ron Wood. Mick Jagger tem suas caras e bocas devassadas na telona e dá uma canseira nos câmeras e editores de corte. Charlie Watts aparece muito engraçado em uma entrevista antiga.

As participações especiais são esquisitas, fora o Buddy Guy, que recebe um carinho especial dos guitarristas. Jack White, do Stripes, entra visivelmente nervoso, mas até aí, tudo bem, normal. Mas o número com a Christina Aguilera é constrangedor e desnecessário. Vale ver Bill e Hillary Clinton pagando um momento cerimônia...

>> Não estou lá - É uma colagem de histórias inspiradas na obra de Bob Dylan. Todos os personagens interpetados por Cate Blanchet, Cristian Bale, Richard Gere, Ben Whishaw, Heath Ledger e o garoto Marcus Carl Franklin são uma espécie de alter ego do cantor e compositor no filme do diretor e escritor Todd Haynes. Em cada um, alguma qualidade do multifacetado artista é explorada. Dá para seguir o labirinto proposto pelo roteiro sem se perder, e tudo conduzido pelas músicas do Dylan, que tem um repertório vasto.

Os personagens (muito bem) interpretados por Bale e Blanchet são mais emblemáticos e citam momentos diferentes da carreira. O primeiro faz o artista em sua época ativista, mas que é criticado por uma declaração polêmica. O segundo é criticado por se distanciar de sua origem ao flertar com tendências novas. Uma das melhores cenas cita A Hard Day’s Night, dos Beatles, e Oito e Meio, do Fellini.

As atuações de Cate Blanchet e Cristian Bale no filme são atrações à parte. Richard Gere é o burocrático de sempre. Heath Ledger faz bem o ator egocêntico que interpreta um dos alter egos de Bob, e que vive em crise conjugal. Mas a presença do menino Marcus Carl Franklin, que faz o papel de Woody Guthrie, um compositor prodígio de 11 anos, é o charme especial do filme. "Viva seu próprio tempo, cante sobre sua época", diz uma mulher ao "velho" garoto em determinado trecho do filme.

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