domingo, 14 de setembro de 2008

Dupla de ataque

Propositalmente, tirei o sabadão para assistir aos dois filmes dos diretores brasileiros que fazem sucesso no exterior. E coincidentemente, ambos têm em duas personagens femininas seus focos para observar a chamada condição humana, ambas tendo a metrópole como fundo.

À tarde, fui ao São Luiz ver Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, que repetem a parceria do insípido Terra Estrangeira, filme de que não gostei nada. Ao contrário, porém, este que deu a Sandra Corvelloni a Palma de Ouro de melhor atriz em Cannes, surpreendendo toda a imprensa brasileira, fica menos na forma do que a experiência anterior.

O filme tem na família formada pela mãe Cleuza e os irmãos Dênis (João Baldasserini), Dario (o já conhecido Vinícius de Oliveira), Dinho (José Geraldo Rodrigues) e Reginaldo (o surpreendente Kaique Jesus Santos) os protagonistas da trama. É a partir das escolhas diárias que a vida dessas pessoas circula entre a paz e a tragédia. Todos buscam algo. A fé pode residir na arquibancada do Pacaembu ou em uma igreja evangélica da periferia.

A Folha de S. Paulo deste domingo fez uma reportagem sobre uma sessão realizada para moradores dos bairros de Heliópolis e Grajaú (zona sul), e de Itaquaquecetuba (Grande SP). Vale ler pelas opiniões curiosas e diversas sobre o filme (leia aqui).

Por fim, só à meia-noite, por causa da grande procura de ingressos no Artplex Botafogo, fomos eu e Liliane assistir ao grande lançamento do ano, Ensaio sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles. Eu já esperava assistir a um grande filme. Também já tinha lido o livro de José Saramago no ano em que foi lançado.

Mas o impacto das imagens, aliado ao bom roteiro de Don McKellar (ele é o ator que faz o ladrão do automóvel do primeiro cego), faz a gente entender o motivo de algumas adaptações serem tão perfeitas.

As atuações de Mark Ruffalo (médico), Alice Braga (realmente, essa menina tem talento), Danny Glover e Gael García Bernal são marcantes. Mas é em Juliane Moore, cujo trabalho já tinha me deixado chapado em As Horas, que reside a força do filme. Se Rachel Weisz levou o Oscar de melhor atriz por outro filme do brasileiro, O Jardineiro Fiel, é bem possível que a americana de 47 anos, que já foi indicada quatro vezes, leve a estatueta desta vez. E se Fernando Meirelles conseguiu ser indicado por Cidade de Deus, eu apostaria que ele estará entre os indicados no ano que vem.

A Veja da semana passada traz boa crítica, com carta do autor do livro elogiando o filme de Fernanrdo Meirelles (leia aqui).

São dois filmes imperdíveis, para deixar Batman e Coringa boladões.

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