terça-feira, 4 de novembro de 2008

A rainha Diablo

Meu amigo Carmélio já tinha me alertado para a qualidade da Revista Piauí. Eu demorei para constatar isso por causa do meu preconceito com revista grandes, pensando na dificuldade de lê-las dentro dos ônibus e metrôs. Uma tremenda chatice da minha parte.

Mas desde setembro, quando dei início a algumas mudanças de hábito de leitura, resolvi incluir o revistão no meu cardápio, que inclui a insossa Veja, a Placar e National Geographic. Resumindo: hoje, conto os dias para que o mês acabe, pois (além da entrada do meu merecido salário) está chegando a nova Piauí às bancas.

E a revista desse mês traz um dos textos mais engraçados que li ultimamente. É da menina ao lado, Diablo Cody, a tal roteirista que chegou a ser dançarina stripper, última ganhadora do Oscar de melhor roteiro original, com o simpático filme Juno, aquele da adolescente grávida tagarela que resolve vender o futuro bebê.

Pois é do outro ofício que Diablo fala neste texto autobiográfico, onde ela se permite dar umas pitadas de pimenta, com humor pesado, sarcástico e cara de pau. Selecionei alguns trechos que me fizeram quase cair do banco do ônibus de integração do metrô até a Barra.

Crianças, saiam da sala!

"...sempre fui um ser humano do sexo feminino bem-comportado. As provas: nunca havia andado de moto, nem naquelas japonesas fraquinhas. Nunca havia engravidado por acidente ou feito um aborto. (...) Nunca joguei bebida na cara de alguém no meio de um porre. Nunca furtei batom numa loja bacana. Eu era um saco, queridos."

"A maioria das garotas que eu conhecia odiava strippers com a mesma fúria reservada a estrupadores em série. (...) Pouco importava se aquilo fora pago, e feito de livre e espontânea vontade: era culpa exclusiva da stripper ousar divertir um pênis que havia sido tão difícil de ser conquistado por uma garota."

"...Minneapolis é o lar de pelo menos quatro lojas que atendem a sua população curiosamente grande de strippers. (...) Suando em bicas no meu casacão, me dignei a entrar. (...) Naquele lugar, uma garota podia ser tudo o que quisesse, da Cher a Cheetara dos Thundercats."

"A stripper que estava no palco tinha tirado o sutiã e lançava insultos à multidão indiferente.
- Eu estou pelada, porra! - gritou ela. - Vocês podiam pelo menos olhar para mim!
Um sujeito meio careca caiu numa gargalhada que mais parecia um milkshake de nicotina sendo batido no liqüidificador."

"Kayla, a ruiva com quem eu havia falado, agora estava nua em frente ao espelho (...). Parecia pesar uns 40 quilos, os dois conjuntos de costelas visíveis através de sua carne translúcida. Ela me lembrava a mulher de vidro do Museu de Ciência de Chicago, cujos sistemas vasculares e o tecido do peito acendiam com um aperto de botão."


Enfim, tem muito mais no texto. E coisa muito boa na revista.

Nenhum comentário: