sábado, 14 de junho de 2008

Céu dos sambistas recebe Jamelão

José Bispo Clementino dos Santos nos deixou na madrugada deste sábado, dia 14, quando (heresia) já estávamos nos acostumando a não vê-lo mais interpretando o samba da Mangueira nos desfiles da Sapucaí. Morreu pouco mais de um mês após completar 95 anos. Na foto ao lado, ele observa o violão de Cartola, que o deve estar recebendo no céu dos sambistas.

Um dos maiores sambistas de todos os tempos, Jamelão era conhecido por um engraçado mau-humor, que o fazia dar foras em jornalistas desavisados, que o chamavam de "puxador de samba".

- Não puxo fumo, nem puxo saco... então não sou puxador, eu sou cantor!

Começou sua carreira como corista de Francisco Alves até substituí-lo em uma noite. Além dos sambas, passou a ser conhecido por suas interpretações de músicas de dor-de-cotovelo, como Nunca, Matriz ou filial, Risque, Ela disse-me assim e Dor de cotovelo (Eta dor!), cujo primeiros versos são exatamente assim: "Eta dor de cotovelo dos diabos, que saudade, que vontade de morrer. Que adianta eu encobrir as aparências, se me olhando, todo mundo vai lhe ver".

Vou deixar dois vídeos aqui para celebrar a partida do sambista vascaíno. O primeiro é uma reportagem do jornal Hoje sobre os 90 anos do mangueirense, muito bem feita pelo repórter Arnaldo Duran.

O segundo é um encontro memorável de Jamelão e Romário em São Januário. Imperdível.



sexta-feira, 13 de junho de 2008

Momento You Tube - VII

Ainda impressionado com o filme do post anterior, andei pesquisando sobre o Christophe, cantor e compositor francês. Ele surgiu com o imortal sucesso romântico Aline, de 1965, cantado até hoje, aquele do "Et j'ai crié, crié". Tanto que é o primeiro vídeo no You Tube ao se digitar Christophe.

Esse já é um hit mais moderno (para a época) com influência de rock, um pouquinho de psicodelismo no visual do clipe, mais ainda assim, romântico. Les Marionettes, que tem uma versão de ninguém menos que Reginaldo Rossi. Fina flor para quem tem um pezinho no cafona, como eu. Mas, por isso mesmo, muito bom.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A bela e a fera

Os franceses são bons em cinema. Em futebol também aprontam de vez em quando, mas na telona costumam acertar quase sempre. Meu amigo Mário Guilherme já me dissera que eles conseguem fazer bons filmes com orçamento reduzido, coisa que o brasileiro pena muito para conseguir. A comparação pode até ser dispensável, mas é inevitável.

Pois, na última vez que fui ao cinema, me surpreendi com um dos filminhos mais legais que já vi recentemente. Daqueles que a gente sai da sala sem entender o motivo por ter gostado tanto da fita. Trata-se de Quando estou amando, tradução muito esquisita para Quand j'étais chanteur, que no inglês, ficou mais fiel: When I was a singer.

Quem me conhece sabe que tenho um pé (talvez os dois) no brega. Pois a história do cantor romântico meio fracassado Alain Moreau, magistralmente interpretado por Gérard Depardieu, vai aos poucos invadindo a sala e tomando a atenção do espectador. E quando se sai do cinema, é difícil deixar de pensar naquele personagem tão real. Seu amor platônico pela bem mais jovem e moderininha Marion (Cécile de France) é tocante.

O cartaz do filme me deu a impressão de que iria assistir a uma historinha de amor bem doce, daquelas americaninhas. Mas, não. Os franceses teimam em complicar um pouco a história. O roteiro esconde algumas cenas óbvias e aposta no silêncio, nos desencontros, na impaciência de um ou na intolerância de outro. E assim, como bem mais de parece com a vida real, vai se construindo uma relação, seja lá qual for. O texto e a direção é de Xavier Giannoli.

E quando se reúne dois atores bons, metade do filme está garantida. Gérard Depardieu é um monstro francês, que interpretou personagens reais históricos como Danton, passando por Rodin, pingando no primeiro empresário de Piaf, Louis Leplée, e em ficticios importantíssimos como Cyrano de Bergerac, Jean Valjean e até mesmo o gorducho Obélix. Além disso, ele se revela um bom cantor, dando interpretação a músicas muito divertidas. E Cécile de France é a atual namoradinha do cinema francês. Ela não fica atrás.

Se alguém for asistir ao filme por indicação deste blog, vale prestar atenção na cena final, que tem ao fundo a música brega-romântica-francesa Les Paradis Perdus, do cantor Cristophe, que faz uma pequena e emblemática aparição no filme. Uma cena linda, quase sem palavras, mas com uma interpretação inesquecível do monstro Depardieu. Aliás, pesquisando, descobri que quem fez a música para a comovente letra de Cristophe é o sumido Jean Michel Jarre.

A única crítica que achei foi do site Cineclick, que destaca uma frase que resume o filme: Quem for jovem de coração vai amar (leia aqui).

O filme foi um dos xodós do Festival do Rio em 2006, mas só agora estreou por aqui. Pela sala do Paysandu cheia, dá para ver que o boca-a-boca ainda funciona. Vale ficar até o fim dos créditos.

Site oficial do filme - tem boas imagens e trechos das músicas.

Abaixo o trailler, que tem um trecho da música de que falo (é a mais lentinha).